segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Castanho


Se teu cheiro trouxesse paz
Como traz desejo de amar
Nesse dia cinza que faz
Com seus olhos pintaria o mar.

Não de azul, verde ou turquesa
Mas de castanho doce amêndoa
Numa tão exuberante riqueza,
Milagre que a natureza nos dá.

Nesse dia cinza chumbo que faz
Talvez só teu toque traria algo de luz
Para fazer este meu inábil peito capaz
De levar este fardo, este fado, esta cruz.

Com teus olhos pintaria o mar
De castanho amêndoa lunar,
E teu riso seria brisa noturna
Como canto a me embalar.

Onde anda a alegria deste dia
Cinza de morte, dor e ausência?
Nas mãos de pequena inocência?
Nos castanhos olhos, meus guias?

Neste chumbo de dias disparados
Minha alma tateia intranqüila e só,
Perdida nos sentimentos esparsos
Presa e confusa entre castanhos nós.

Atento ao tempo destes dias
Já que outros tantos eu vivi
Na infância breve eu aprendia
Dia cinza, castanho toque,
Minha frágil receita de alegria.

Fado

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