domingo, 25 de outubro de 2009

A arte de ser encontrado por Deus



Enquanto nós fingirmos para nós mesmos, nós não iremos a lugar algum

Padre Fábio, meditando o Evangelho de São João (cap.4) – a passagem da Samaritana –, ajuda-nos a entender a importância de rever o passado e projetar o futuro.
Você já pode perceber que uma pessoa, no momento que se encontra mais necessitada, torna-se também vulnerável? E há pessoas que têm o dom de nos seduzir.
Na leitura do Evangelho, a passagem da Samaritana (Jo, 4) aconteceu ao meio-dia. Essa mulher foi encontrada, talvez, no momento em que o corpo mais precisava de um cuidado.
O meio-dia representa, aqui, a separação daquilo que fizemos na manhã e o que vamos fazer à tarde. Esta "manhã" é simbolizada por aquilo que nos fez cansados, ou seja, o nosso passado, aquilo que já foi vivido. O perigo que podemos correr é de fazer, do período da "tarde", uma repetição daquilo que vivemos no passado do nosso dia, isto é, a nossa "manhã".
A "manhã" dessa mulher, como relata o Evangelho, foi toda errada, porque ela não alcançou seus objetivos. Então, entra Aquele por quem nos apaixonamos um dia: Jesus!
É Deus quem pede um favor para uma mulher que viveu uma manhã sem esperança. No diálogo com Jesus, a mulher recorda da sua manhã, reconhece-se "não merecedora"; vê-se totalmente tomada pela derrota. Só um olhar, como o de Jesus, para nos fazer esquecer tudo aquilo que não deu certo.
Às vezes, encontramos pessoas que nos fazem esquecer a nossa amargura, provocada pela vida. Jesus olhou para aquela mulher não para condená-la, mas para uma profunda cura interior.
Profeta não é aquele que nos aponta um futuro glorioso, mas que nos mostra aquilo que precisamos renunciar para, depois, assumirmos um futuro glorioso. Diante de Deus, máscaras não funcionam. O que aquela mulher precisava fazer era só ter a capacidade de dizer: "Eu sou isso".
Enquanto fingirmos para nós mesmos, não iremos a lugar nenhum; enquanto não reconhecermos as nossas necessidades, nossas lutas e nossos males; enquanto não dermos nomes aos nossos inimigos e olharmos nos olhos deles, eles serão maiores do que nós. Enquanto tivermos medo dos malefícios da "manhã", não seremos capazes de entrar na "tarde" com as cores de ressurreição.
É impossível amar o outro se antes o amor de Jesus não estiver amando em nós e não estiver nos devolvendo, o tempo todo, a nós mesmos. Quando nos amamos, o que, na verdade, estamos fazendo não é trazendo o outro para nós, pois isto é equivoco, é a "manhã" que não deu certo. Amor de ressuscitados, amor de homens e mulheres que acreditam em Deus não é amor que retém, é amor que devolve ele a ele mesmo. Amor humano é devolução, é restituição. A pessoa que aceita qualquer coisa também será deixado por qualquer coisa.
Quantos de nós temos de passar pelo duro aprendizado de dizer "não deu certo". Essa é a coragem de olhar para nós mesmos e reconhecermos: "Não deu certo, mas ainda pode dar". Por orgulho, nós mentimos para o outro. Jesus deu a força para aquela mulher reconhecer: "Eu não nasci para viver essa condição de miserável eternamente".
Na sua vida, você faz a experiência de encontrar e de ser encontrado. Tantas vezes você esbarra naquele irmão que você já não vê há trinta anos e por quem já não sente mais nada. Irmãos que, há tanto tempo, não se encontram, porque não têm a coragem de contar a sede que têm do outro, e este não sabe que seu irmão está sedento.
Quantas relações humanas estão falidas porque as pessoas não conseguem mais reinaugurar um ao outro.
Às vezes, somos especialistas em colocar os olhos somente naquilo que não deu certo em nós.
Sabe o que mais me fascinava no padre Léo? A capacidade que ele tinha de não olhar a prostituta, mas de ver a mulher.
Comece pelos pequenos gestos, nem que seja lavando um copinho sujo de café. Eu sei que você tem realidades muito concretas, sobre as quais você pode dizer: "Eu não fui fiel, eu não fui irmão; eu fui pelo caminho da prostituição. Eu corri atrás do retrocesso, ao invés de correr atrás do poço de água limpa para por atenção na manhã que não deu certo. Confiei em estranhos, ao invés de confiar naqueles que me colocaram no mundo. Permiti que muitos me jogassem no barro da indiferença e esqueci-me de quem eu era". Eu o desafio, agora, a estar sentado à beira do poço.
Ao invés de um rosto marcado pela revolta, no rosto de Jesus você encontra amor. Você pode correr para Jesus, pois a sua "manhã" só pode ser esquecida se você fixar o seu olhar no rosto d'Ele; neste olhar que pode reinaugurá-lo e tirar a placa que lhe dizia "falido".
Hoje, receba a placa que diz: Re-inalgurado por Jesus!

domingo, 18 de outubro de 2009

"O coração guarda o que nos escapa das mãos..."


Há coisas que não são para se entender. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei de dizê-la. Muito do que se segue pode ser por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se entender. Não é por falta de clareza. Tentarei ser clara. Eu própria percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo. O que eu quero é fazer um elogio ao amor puro.
Parece que já ninguém se apaixona de verdade. Ninguém aceita amar sem uma razão. Quem é que hoje é capaz de se apaixonar assim? Hoje em dia as pessoas apaixonam-se por uma questão prática. Porque convem. Porque são colegas e estão mesmo ali ao lado. Por que se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavanderia. Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e por mínimos detalhes, tem de “discutir a relação”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornam-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante da camaradagem. A paixão que devia ser ‘desmedida’ é na ‘medida do possível’. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade ficam "praticamente” apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio ao amor puro, ao amor cego, ao amor estúpido, ao amor doente, ao único amor verdadeiro que há. Estou farta de conversas, farta de compreensões, farta de conveniências de serviço. Nunca vi casais tão embrutecidos, tão covardes e comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr riscos, de um pouco de ousadia de jogar tudo pro alto, de perder o controle, a razão. Ninguém se apaixona! Ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo. “Amor”. Doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo! O amor é uma coisa a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca. O pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso "dá lá um jeitinho sentimental". Odeio esta mania contemporânea de dar um tempo. Odeio os novos casadinhos. Por onde quer que se olhe já não se vê romance, maluquice, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassado ao pessoal da pantufa e da serenidade, maníacos por terapias de casal e livretos de auto-ajuda.
Amor é amor. É essa a beleza. É esse o perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar. É para fazer-nos felizes ou enlouquecer-nos. Tanto faz. Não é uma questão de sorte ou azar, e sim de entrega sem medida. O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, sem tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno. O amor é uma coisa a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A "vidinha" é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para se perceber. O amor é um estado de quem sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende. O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal que se invente e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração prende-se para sempre. Ama-se alguém, mesmo por muito longe, por muito difícil, por muito desesperante que seja.
O coração guarda o que nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é a razão que nos acompanha, é o nosso amor, o amor que se tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de que quem vive feliz sem amor. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa e o amor é outra. A vida dura uma vida inteira, o amor não. Um só minuto de amor pode durar a vida inteira. E vale-la também..."

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

' A Solidão do pastor...'




... "Não é sempre que nos sentimos confortáveis pra mostramos nossas fraquezas.
Geralmente as escondemos... Creio que pelo medo de, se nos mostrarmos vulneráveis, as pessoas não terão mais aquela convicção de super-herói ao nosso respeito.
Aí me lembro que quando Jesus chorou no Getsêmani, pediu para que seus três amigos estivessem ali orando com Ele. Em seu momento de fraqueza, o Mestre não quis estar sozinho.
Eu não sei quem ou quando inventaram essa estória que a gente deveria ser forte sempre.
Sei que muitos daqueles que tomamos por exemplo, tentaram demonstrar essa força, mas ela é desumana.
Lutar contra nossa fraqueza é deixar de crer que precisamos uns dos outros.
Também não faço a mínima idéia de quando se começou a crer que tínhamos todas as respostas.
Acredito que o medo de não ser mais admirado pelos outros tenha construído essa mentira..."

Hoje me peguei pensando: à despeito do que muitos pensam; sim: Você é de carne e osso, tem um coração, sangra, sente dor , raiva, chora...
Já teve coragem de admitir isso muitas e muitas vezes.
Faz questão de se abrir, partilhas suas angustias, seus medos, seus anseios.
Acho bonito esse desprendimento que tem de se mostrar não como o ‘padre Fabio’, mas como ‘Fabio, o padre’. Humano pra poder ser o que é: padre. E não o contrário.
Não tem medo de dizer que as vezes quem precisa de um padre pra confessar suas fraquezas é você. Que as vezes você é o necessitado, o que precisa ser consolado...
Você nos mostra que Deus efetivamente se manifesta na nossa fraqueza, padre! E na minha vida Ele tem se manifestado através de você...
Obrigada!


Luciana Seloy

terça-feira, 13 de outubro de 2009

“Vai falar por mim"



Anuncia-me!’’


No livro do profeta Jeremias, capítulo 1 a partir do versículo 4, está escrito: “Foi-me dirigida nesses termos a Palavra do Senhor: Antes que no seio fostes formado,eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado, e te havia designado profeta das nações.”
Sabemos que esta Palavra é dirigida ao profeta. Mas a Palavra de Deus é sempre atual, por isso ela também é destinada nós. Ele quer realizar através de cada um de nós o que disse a Jeremias.
Podemos achar que é algo grandioso demais, que ainda “engatinhamos na fé”, mas como Cristãos não podemos nos omitir. É urgente evangelizar nos dias de hoje.
Mas a Palavra de Deus é Santa e nós tão pecadores...
Ficamos assustados e não nos achamos dignos nem aptos a assumir tal missão.
Porem Deus na sua infinita sabedoria e Misericórdia traz imediatamente uma resposta aos nossos temores: “E eu respondi: Ah! Senhor Javé, eu nem sei falar, pois sou apenas uma criança”.
Replicou, porém, o senhor: Não digas: ‘Sou apenas uma criança’ Porquanto irás procurar todos aqueles aos quais te enviar, e a eles dirás o que eu te ordenar. Não deverás temê-los, porque estareis contigo para livrar-te. – “oráculo do Senhor” (Jr 1,6-8)
Essa Palavra nos trás grande responsabilidade...
Mesmo diante da ordem de Deus, as vezes não nos julgamos capazes. Ele mais uma vez nos socorre em nossa fraqueza, confirmando sua vontade de capacitar seus escolhidos na Palavra que segue:” E o Senhor, estendendo em seguida sua mão, tocou-me a boca. E assim falou: ‘Eis que coloco minhas Palavras nos teus lábios’” (JR 1,9)
Como realizar a vontade de Deus?
Sabemos de nossas limitações, nosso despreparo...
A resposta esta na leitura da Palavra. A Bíblia foi escrita para todos, e para cada um de nós, e é através dela que o Senhor nos forma, nos capacita.
Não devemos apenas conhecer a sua Palavra, mas sermos possuídos por ela. Preencher nossa vida com os ensinamentos da Sagrada Escritura, pedindo auxilio e orientação ao Espírito Santo nos torna aptos a dar testemunho do Cristo a quem tanto amamos. “A boca fala do que está cheio o coração”.
Deus nos quer anunciadores do seu Reino, de sua Palavra, mas quer que Ela seja viva e vivida em nosso dia-a-dia.
O Senhor não espera estarmos prontos, totalmente preparados para nos levar a agir. Ele nos escolhe e nos capacita ao longo da caminhada. Vai-nos moldando...
Deus não se prende nos nossos defeitos e limitações. Somos todos chamados a dar testemunho.
Mas depende de nós, abrir-se a ação do Espírito, para a Graça de Deus. Ele não nos obriga a nada, convida-nos a segui-lo.
Pregamos o Evangelho, a Palavra de Deus, não somente com nossa boca; mas também com nossas atitudes, com o amor que dedicamos ao próximo.
O “milagre” na vida de muitas pessoas necessitadas perpassa pela ação concreta de nossas mãos. Não podemos nos omitir mais...
Somos filhos queridos, mas também servos e queremos realizar a missão que o Senhor nos confiou: “Vai falar por mim: Anuncia-me!”
.
Luciana Seloy

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Castanho


Se teu cheiro trouxesse paz
Como traz desejo de amar
Nesse dia cinza que faz
Com seus olhos pintaria o mar.

Não de azul, verde ou turquesa
Mas de castanho doce amêndoa
Numa tão exuberante riqueza,
Milagre que a natureza nos dá.

Nesse dia cinza chumbo que faz
Talvez só teu toque traria algo de luz
Para fazer este meu inábil peito capaz
De levar este fardo, este fado, esta cruz.

Com teus olhos pintaria o mar
De castanho amêndoa lunar,
E teu riso seria brisa noturna
Como canto a me embalar.

Onde anda a alegria deste dia
Cinza de morte, dor e ausência?
Nas mãos de pequena inocência?
Nos castanhos olhos, meus guias?

Neste chumbo de dias disparados
Minha alma tateia intranqüila e só,
Perdida nos sentimentos esparsos
Presa e confusa entre castanhos nós.

Atento ao tempo destes dias
Já que outros tantos eu vivi
Na infância breve eu aprendia
Dia cinza, castanho toque,
Minha frágil receita de alegria.

Fado

Silêncio Presente


"Qual é o gosto da palavra perdoada?
O cheiro do abraço perdido?
A dor do quarto ausente?
Vazio, silêncio presente?

Há cicatrizes que marcam o céu?
Quais as luzes que acendem a noite?
O brilho do sol nasce aonde?
E Deus, aonde se esconde?"

Bruno de Assis ( meu amigo poeta)

sábado, 10 de outubro de 2009

Se DEUS É PAI...



As vezes passamos por situações, que nos fazem pensar ,refletir sobre a nossa vida, sobre nossa postura no mundo.
Será que vemos as pessoas como elas realmente são? O que nos dá o direito de julgar, rotular alguém?
Foi pensando nisso que cheguei a uma conclusão: Deus não discrimina ninguém!
É só pensar na oração do Pai Nosso... Oração que rezo desde que me conheço por gente, mas que hoje teve um novo significado para mim.
Uma oração que nos foi ensinada pela boca do próprio Cristo!
Essa oração tão simples e tão complexa: PAI NOSSO...
-Pai de que? Dos Judeus? Dos Cristãos?
Pai dos Muçulmanos? Dos Budistas?
Pai de que grupo religioso? De que pessoas? De quantas pessoas?
Pai dos puritanos? Pai dos pecadores? Pai dos errantes?
Pai dos ricos ou dos miseráveis?
Dos intelectuais ou dos ignorantes?
Pai dos felizes ou dos depressivos?
Dos sãos? Dos deficientes?
Pai dos religiosos? Das prostitutas?
Dos padres? Dos homossexuais?
Pai dos ateus? Pai dos crentes?
Porque Jesus Chama o Deus Todo Poderoso de Pai?
Pai nosso. Pai da humanidade.
Se somos filhos do mesmo pai, somos consequentemente irmãos.
Somos iguais perante Ele.
Muitos destruíram, mataram, sufocaram emocionalmente e discriminaram em nome desse Pai.
Mas o Deus proclamado por Jesus não discrimina. Apenas acolhe e abraça.
Ama a humanidade como um todo, mas ama a cada ser humano com amor único. Não olha a multidão, vê cada um individualmente, mas na humanidade nos iguala, amando com amor de Pai. O Pai Nosso!
O projeto de Deus inclui toda a humanidade: "Eu neles e tu em mim, para que cheguem a perfeita unidade”.
Se Deus não discrimina, quem somos nós pra julgar???

Luciana Seloy

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Santidade...???



Eu tenho medo de gente muito santa, muito pura, muito sem pecado.

Tenho medo de gente que repara no olho do outro, tentando o tempo todo tirar-lhe a trave, limpar um cisquinho.

Tenho medo de gente que se escandaliza com coisas imbecis, superficiais, exteriores, como se quisesse desviar a atenção de “alguma outra coisa”.

Tenho medo de gente que ora demais, que sonha demais, que ouve Deus falar 30 horas por dia.

Tenho medo dos que não sabem rir, que não ficam com a família, que não sabem se divertir nas horas de folga, que não fazem nada além de buscar ao Senhor e ir nos montes, nas vigílias e nas visitas.

Tenho medo…

Prefiro ficar perto de gente mais comum, mais real, que erra, mas que fala: “errei”.

É melhor ficar na companhia de gente menos caricata, menos maquiada, menos plastificada, menos religiosa.

Jesus também preferiu assim e foi duramente criticado por isso.

Enquanto Ele poderia estar nas casas imponentes do bando que estava doido para lhe fazer uma média ou participar das ricas mesas dos donos da grana, foi para um lugar chamado Cesaréia de Filipo.

Ô lugarzinho de má fama!

Uma corja que não valia nada se reunia ali: prostitutas, ladrões, beberrões, excluídos, rejeitados, marginalizados.

Pelo menos lá ele não precisava ficar escutando a baboseira sensacionalista de gente que queria mostrar o quanto sabia de Deus e da Lei.

Ali Ele podia se revelar Mestre e Senhor porque o coração dos doentes e necessitados é despojado de altivez.

Os que se acham bons demais não tem ouvidos para ouvir porque só desejam falar.

Raça de víboras, hipócritas, fariseus.

No texto de Levítico 13, um homem cujo corpo estivesse completamente coberto de lepra, da cabeça aos pés, seria considerado puro pelo sacerdote:

2-Se a lepra se espalhar na pele toda, cobrindo o corpo todo, desde a cabeça até os pés, o quanto podem ver os olhos do sacerdote,

13-então este o examinará. Se a lepra tiver coberto toda a sua carne, então será declarado limpo…”

Você não acha estranho?

No contexto, quanto mais discretas as manchas, mais imunda a pessoa seria considerada, e até afastada do arraial.

No entanto, pessoas com lepra evidente, em toda a pele, seriam consideradas puras.

[Não entendeu ???????????????????????????????????]

Acontece que uma pessoa com manchas discretas da doença, que estivessem escondidas debaixo da roupa, seria muito mais perigosa porque ninguém a evitaria, e o risco de contaminação seria muitas vezes maior.

Já a pessoa leprosa por inteiro não precisava ser afastada do povo porque ninguém teria coragem de ficar perto. Naturalmente todos a evitariam por saberem que o risco de contágio era enorme.

Por isso eu repito: tenho medo de gente que tem “pouca mancha”, que esconde por debaixo da roupa a lepra e se mistura com o povo, representando, fingindo, ocultando, traindo, conspirando.

Cansei de ver gente assim, cansei!

*que parece, mas não é;

*que profetiza, mas não vem de Deus;

*que ora em línguas que até Deus desconhece;

*que com uma mão me abraça, mas com a outra me apunhala;

*que elogia meu ministério, mas que gostaria é de estar no meu lugar;

*que chora, mas é de raiva;

*que come na minha mesa e depois cospe no prato;

raça de víboras, hipócritas, fariseus.

Prefiro ver de longe a doença, ver bem claras as feridas, me arriscar perto dos bacilos e me expôr aos vírus.

Prefiro abraçar o enfermo de pecados de que estar sentada com o falsificado, o genérico, o dissimulado, o profeta comprado.

Prefiro buscar em Deus coragem suficiente para me sentar perto do leproso porque só assim, quem sabe, verei o milagre

eu também pensa assim...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009


Não te encontro, não te alcanço…
Só – no tempo equilibrada,
desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só – na treva,
fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível
reinventada.

Cecilia Meireles

Ainda me encanta a capacidade do ser humano de descobrir, seja descobrir o mundo, descobrir a si mesmo e descobrir o outro.

Na infância, dizem, o conhecimento se dá por descobertas que a própria criança faz .Educar parece ser agora visto como “provocar a atividade”.

Quem convive com uma criança de 2 anos repara como o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos a sua volta. É capaz de passar longos períodos descobrindo as próprias mãos, mexendo os dedinhos e se encantando com seus próprios movimentos, por exemplo. Será também preciso caminhar de mãos dadas com esta criança, tempos depois, para descobrir como é demorado conseguir chegar simplesmente ao final da quadra, porque a caminhada será fatalmente interrompida um sem número de vezes por um cachorro, uma pequena planta ou uma formiga carregando uma folha maior que ela mesma.

Mas o que hoje me intriga e me encanta é “descobrir pessoas”, mormente as que nunca cheguei a conhecer pessoalmente. Como isso se dá? Quando leio uma biografia, quando admiro uma obra ou um legado, quando conheço alguém pelo outro. Porque uma pessoa nunca é só ela mesma, mas o somatório de aquelas que a acompanharam ao longo da vida.

É aí que surgem novas descobertas: é preciso descobrir o perdão: perdoar e ser perdoado. Descobrir a leveza. Descobrir que depois da tristeza vem a alegria. Que mesmo após doloroso luto, nasce vida nova. Descobrir que a vida , segundo Cecilia, só é possível reinventada

O Haver




Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai! eles não têm culpa de ter nascido…

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo que existe.

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer balbuciar o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir na madrugada passos que se perdem sem memória.

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera cega em face da injustiça e do mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa
Piedade de sua inútil poesia e de sua força inútil.

Resta esse sentimento da infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa tola capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem de comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será e virá a ser
E ao mesmo tempo esse desejo de servir, essa
Contemporaneidade com o amanhã dos que não têm ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade
De aceitá-la tal como é, e essa visão
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante.

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta essa obstinação em não fugir do labirinto
Na busca desesperada de uma porta quem sabe inexistente
E essa coragem indizível diante do grande medo
E ao mesmo tempo esse terrível medo de renascer dentro da treva.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem história
Resta essa pobreza intrínseca, esse orgulho, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta essa fidelidade à mulher e ao seu tormento
Esse abandono sem remissão à sua voragem insaciável
Resta esse eterno morrer na cruz de seus braços
E esse eterno ressuscitar para ser recrucificado.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, esse fascínio
Pelo momento a vir, quando, emocionada
Ela virá me abrir a porta como uma velha amante
Sem saber que é a minha mais nova namorada.

Vinicius de Moraes

“Que o caminho seja brando a teus pés,

o vento sopre leve em teus ombros.

Que o sol brilhe cálido sobre tua face,

as chuvas caiam serenas em teus campos.

E até que eu de novo te veja,

Deus te guarde na palma de Sua mão.”

Convite a minha Alma




Pois que cada homem é filósofo do seu tempo.
Nélida Piñon

Eu digo: calma, alma minha, calminha, você tem muito que aprender.
Zeca Baleiro

Hoje quero fazer um convite a minha alma. Convido-a a ser minha parceira no ofício da leveza. Deixar de ser uma alma queixosa e indolente. Uma alma que deixou de se aquietar com porção do dia e que nunca parece estar satisfeita.
Alma, você está faminta de quê, afinal? Você está sempre indócil pensando no “se”, nas preocupações que talvez jamais aconteçam, no amanhã que ainda não chegou, em um passado permeado de mágoas.
Quero convidá-la a ser minha parceira em viver o presente de forma plena, minuto a minuto. Porque só cada dia vencido nos habilita a viver o próximo.
Alma minha, o que você tem na sua bagagem que se tornou tão grande e pesado? Vamos fazer um balanço sincero do que existe nas malas e bolsas dessa viagem que juntas fazemos há tanto tempo. Por que não se desfazer de papéis velhos e notinhas acumuladas sem importância, já desbotados e ilegíveis, listas das dívidas a cobrar de gente que ficou lá atrás? Perdoe, alma minha. O peso excessivo da mochila faz com que você, minha pequena alma, ande encurvada e envelhecida. É hora de se tornar mais leve e flexivel.
Vamos combinar assim. Que tal viver a plenitude do presente, com recato, amor, coragem, ternura e compaixão? Quando ouvir, ouça – não pense nas respostas que tem de dar.Não tenha vergonha de dizer “não sei”. Não saber é próprio da nossa humanidade.
Quanto perder verdadeiramente alguém, sinta a dor. Quando chorar, chore – não diga a si mesma, alma minha, para parar enquanto as lágrimas não secarem de vez. Alguém disse que é mister chorar quando os fatos exijam lágrimas. Mesmo os nossos lutos precisam se esgotar, precisam encerrar o ciclo das fases da dor até a mais perfeita aquietação, como aquele constructo da psicologia: choque, negação, raiva, barganha, depressão, aceitação e esperança. Pular fases é mera ilusão: elas voltam, cedo ou tarde, para reclamarem seu espaço.
Alma, convido-a a deixar o medo. Não me constranja a renunciar ao privilégio da aventura de estar viva. A despeito dos perigos que nos ameaçam, o simples ato de beliscar a própria carne e de constatar como o corpo reage representa uma graça sempre renovada. Talvez seja por isso que um sentimento misto de vergonha e surpresa nos sobrevenha ao constatarmos que pessoas desprovidas daquilo que julgamos essencial consigam viver em plenitude. Você não precisa, minha alma, de arranjar desculpas para explicar o sorriso que permanece no rosto dos desprovidos . De alguma forma, eles aprenderam, bem antes de nós, que o sonhar é uma graça de proporções tão exageradas que é necessário atribuí-lo a Deus, empenhado em pessoa em amparar o homem, criatura e obra sua.
É isso, minha alma. Não aparente o que não é, não exiba o que não tem, não ostente um valor que desconhece.A partir de agora não desejo mais descuidar-me de você, alma pequena. Sejamos leves, e na leveza estará a nossa força. Eu a convido.

Se eu fosse um padre...



Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,
Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!

sábado, 3 de outubro de 2009

Alma



Os teus atalhos desvendei
entre montanhas e céu de organdi
sonho após sonho eu vasculhei
o labirinto que não tem fim
um corredor

Certa canção me leva além
lá tua alma não se perde assim
portas secretas atravessei
casas desertas e mil jardins
em espirais

Alma ignora o tempo
onde ele principia
eis a lanterna e o leme
o lume ao fim do dia
o amor é o meu esteio
meu corpo, o teu navio

Alma é o maior segredo
vida é seguir contigo
noutra vereda e tempo
tal qual o pão e o trigo
depois da travessia
mudo pra o teu abrigo

, tempo virá
de onde esse rio sai?
, tempo dirá
aonde o rio vai?

Acreditar sem ver


Homem de fé é aquele que não vê e mesmo assim não desiste

Deus não decepciona aquele que busca e espera n’Ele. É belíssima a passagem de quando Moisés é levado pelo movimento das águas e é encontrado pela filha do faraó. Para o povo sair da escravidão, o mar precisou se abrir. O povo, diante da impossibilidade de vencer as águas, se volta contra o profeta e lhe pergunta por que ele os retirara do Egito, se eles não têm como ultrapassar o mar. Diante do questionamento dele, o Senhor lhe diz apenas uma frase: "Diga ao povo que caminhe". Deus não lhe proferiu uma frase que garantisse o milagre, mas que requeria fé.
A expressão de Deus não é uma expressão que facilita a vida, mas que encoraja. O Senhor não facilita, pois quem facilita corre o risco de infantilizar o facilitado e Ele não nos quer infantis na fé. Deus nos quer amadurecidos, prontos para dar o primeiro passo. Fé é saber acreditar quando tudo está ao contrário. Homem de fé não é aquele que vê. É o que não vê e mesmo assim não desiste.
Na experiência do povo de Israel, diante de um povo que o [Moisés] quer matar, Deus não facilita para ele, mas requer sua fé. O povo queria uma reposta mágica, mas Deus dá uma ordem que encoraja, que faz crescer dentro deles a lembrança que aquele Deus que caminhou com eles não os deixará na mão. Nós não sabemos como será, mas não desistimos do que esperamos. Quando tudo indicava que a morte iria chegar, com os pés na água, seguindo a ordem do Senhor, o milagre aconteceu.
Por um lado, eles estavam imobilizados pelo mar que podia afogá-los; por outro, pelo exército que poderia matá-los. Aquele povo estava emparedado. Ser homem e mulher de fé é você viver uma única alternativa: aquela de não poder recuar. É como diz Santo Agostinho: "Deus só nos pede aquilo que Ele já nos deu. Tudo está em nós sob forma de dom".
A experiência da fé nos movimenta para sermos o que realmente somos. Você não tem outro destino, a não ser a santidade; da mesma forma que o povo de Israel não tinha outra opção a não ser a libertação. Ninguém emagrece fazendo novena. Ou nós nos disciplinamos ou não vamos emagrecer!
O que faz um homem ser de fé é a resposta que dá diante da insegurança. Isso é Cristianismo. Não é uma postura angelical, é uma forma de se tornar guerreiro, soldado. Coragem! Vitória é o que Deus quer celebrar na nossa vida por meio da fé.

Padre Fábio de Melo

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A espera...


A espera...

Vejo os olhares aflitos, curiosos. Desejosos de encontrarem os seus olhos.
Olhares ansiosos, admirados; alguns acanhados.
Depois do evento, frio e garoa. Nem assim as pessoas se vão...
A pequena multidão te espera. Mas espera porque se já te ouviram falar, se suas palavras já alcançaram seus corações, se já cantaram suas canções?
O que esperam então? Uma foto mais de perto ou mesmo com você? Um aceno ou um sorriso? Não sei; só posso imaginar.
Olho os rostos cansados, molhados pela garoa fina. Olhos fixos na porta de onde esperam ver sua saída.
A espera...
_: Ele não vem não gente. Vem sim, sempre vem. Está demorando. Já foi embora, saiu por outra porta...
E a espera...
Espera de quê? O que esperam mais de você?
Já não te vêem sempre na televisão, nos shows? Já não lêem seus livros, compram seus discos, ouvem suas palestras?
Já não te viram ainda agorinha?! Mas ainda esperam...
Olho de novo a pequena multidão; o que esperam aqui essas pessoas? Essas mulheres, esses jovens, crianças, esses senhores?
Tanta gente, tantas histórias. Histórias que de algum jeito, agora você faz parte!
-Penso: Mas porque toda essa gente aqui meu Deus? Porque esse povo não vai embora?
Será que não tem mais o que fazer? Coisa irritante isso!
E a espera...
Nas mãos das pessoas, vejo além das câmeras digitais, (todo mundo tem a sua hoje em dia) fotos de outras pessoas, com mensagens de gratidão, bilhetinhos, cartas, pequenos embrulhos, flores...
-Ô povo insistente, por isso ele não vem, (penso de novo). Tá cansado quer ir embora.
Será que ninguém se toca?!
Tomara que não venha mesmo, que demore mais ainda. Quem sabe mais meia hora e um pouco mais de frio ou garoa, faça essa gente desistir.
Mas ninguém arreda pé!
E a espera...
De repente a porta se abre. Euforia entre os já molhados presentes, mas não é você.
Segue-se um sonoro e coletivo: ahhhh!
Começo a rir baixinho. Maldade eu sei, mas foi engraçado...
_Ai que bom! Já tem gente indo embora. Mais um pouco e vai todo mudo.
Quanto mais demora menos gente! Conclusão egoísta confesso.
Alguém do meu lado resmunga: “Agora que ficou famoso é que não vem mesmo”
Com muito esforço, consigo conter meu impulso de dar-lhe uma cotovelada nas costelas e, limito-me a um olhar de desaprovação fulminante.
E a espera...
A porta novamente se abre, Finalmente você aparece. Se espanta ao ver tanta gente ainda por ali. Se emociona...
Todos te chamando: Padre! Padre, por favor! Padre, aqui...
Percebo a angustia nos seus olhos; a dor de não conseguir atender a todos, abraçar a cada um.
Alguns conseguem tocar suas mãos, outros recebem um aceno, um “oi meu filho”, um “Deus te abençoe”.
Fotos, flashes, lágrimas, um pequeno tumulto.
Você assustado, pede: Calma minha gente, calma!
Sorri. E seu sorriso acalma os mais exaltados.
Sorriso tímido, olhos atentos, mãos tremulas...
O que será que pensa nessa hora?
Talvez um sentimento de impotência, uma agonia. Talvez uma prece silenciosa!
Limito-me a observar em silencio. Observo as pessoas e suas reações em sua presença.
Alguns excessos? Sim; mas o que prevalece nesse momento é o desejo de tocar o sagrado que você representa.
Senti meu coração disparado... Não sei dizer por que fiquei também tanto tempo te esperando. Só sei, que a emoção que me causou teus olhos tocarem os meus, fez valer a pena...
Obrigada padre Fabio!

Sua benção.
Luciana seloy