domingo, 28 de fevereiro de 2010

Segredos



Falar em segredo, guardar segredo, fazer segredo, partilhar o segredo, efabular, misturar a fantasia com a realidade... em segredo

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Devaneio silencioso




Deste escuro e frio quarto de hotel
E da imensidão que você teme.
Você é arrancado das ruínas
De seu devaneio silencioso.
Tão cansada de andar na linha,
E para todo lugar que você se vira
Existem abutres e ladrões nas suas costas,
E a tempestade continua se retorcendo.
Passa todo seu tempo esperando
Por aquela segunda chance,
Por uma oportunidade que deixaria tudo bem
Sempre há um motivo
Para não se sentir bem o suficiente.
E é difícil no fim do dia,

Você continua construindo a mentira
Que você inventa por causa de tudo que você não tem
Não faz nenhuma diferença
Escapar uma última vez.
É mais fácil acreditar nesta doce loucura,
Esta gloriosa tristeza que me deixa de joelhos

Anônima...

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Pensamento



Soterrado no passado
Estancado sem perdão em minha mão.
Que aperta forte essa vontade
Essa má sorte essa saudade
Que conduz à solidão.

Horas correm, transcorrendo dias
Pelas vias que desviam
E deviam me ajudar ou resguardar
Mas o pensamento sempre volta
Desatento
Ao que tento evitar.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Noites solitárias...


Não pude dormir,
assim eu fui caminhando.
Pensando em você,
e nos ouvindo falando...
E todas as coisas que eu deveria ter dito,
lembrando do teu sorriso.
teu olhar sereno
tua mão macia a tocar de leve a minha
Todos os erros que cometi
Toda a dor que conheci
Toda a mágoa guardada
Toda raiva e infelicidade
Quando as noites eram solitárias
E os sonhos apenas tristes
Você chegou com seu amor
Levando embora tudo de ruim
Mas agora estou só
E já não sei viver assim

Ninguém mais aqui, ninguém mais aqui para culpar
Ninguém para apontar o dedo...É só você eu e a chuva
Ninguém obrigou você a fazer isso, ninguém colocou palavras na
sua boca
Portando, onde está a esperança e onde está a fé.. é o amor?
O que você diz para mim?
A lembrança vaza das minhas veias...
Deixe-me ficar vazia
E sem peso e talvez
Eu encontrarei alguma paz esta noite.

Você está nos braços de um anjo.
Que você encontre algum conforto aí.
Enterre meus sonhos,
desenterre minhas tristezas

Eu nunca entenderei o significado do que é certo
Ignorância me carregue para a luz!
Que as melodias de suas palavras,
consolem aqueles que ainda precisam.
Meu amigo
Hoje um raio de luar ilumina meu caminho
Meu guardião...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Olhos


“... Teu olhar que me transpassa a alma. Que meus mais profundos medos acalma...”

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Simbiose


Roubei seus versos, arranquei-lhes partes, fragmentei-os. Absorvi, respirei, digeri-os.
Tornaram-se partes minhas juntaram-se ao meu "ser gente"
Impregnou-se em mim um jeito de ser você. Dizes tanto de mim, sem ao menos saber quem sou...
É como se te entregasse meu ser, e você o devolvesse em seus versos escancarando as portas que escondem minha alma, iluminando-a.
Decifrastes um eu, que por vezes,nem eu conheço.Tens o dom de me ver do avesso;me roubas desse mundo tão cheio de dores pra me devolver melhor,mais inteira,mais entendida de mim!
Perambula sem cerimônia pelo meu coração. Vasculha, explora com teus olhos tão carregados de verdade. Encontras meus defeitos, me ensina a consertá-los.
Apontas minhas virtudes, mesmo as que eu nem conhecia Mostras a direção que me leva a mim mesma...
E por ela vou seguindo, viajando dentro de mim embalada por suas palavras, suas canções que caem como chuva mansa em tardes de verão na terra seca do meu coração. Que se encharca, exala seu perfume e se deixa florescer na ânsia de devolver ao Céu o que dele recebeu....
Luciana Seloy

Eternidade


Eu desistiria da eternidade
para tocar você
Pois sei que de alguma forma
Você me percebe

Você é o mais perto do céu
Que eu posso chegar
e não quero voltar
Para casa agora...

O único gosto que sinto
É o deste momento
E tudo que tenho para respirar
É seu amor.

Por que cedo ou tarde
Isto pode acabar
Hoje a noite
Não te deixarei ir...

E você não pode lutar contra as lágrimas que não vem
Ou o momento da verdade em suas mentiras
Quando tudo parece como nos filmes
Sim, você sangra apenas para saber que está vivo

E eu não quero que o mundo me veja
Porque não creio que entenderiam
Quando tudo estiver destruído
Eu só quero que você saiba quem eu sou

Eu preferiria...
Sentir o cheiro de seus cabelos,
Dar um beijo em sua boca...
Tocar uma vez em sua mão...
A passar a eternidade sem isso!

"Cidade dos Anjos"

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Etapas...


Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final.
Se insistimos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerramos ciclos, fechando portas, terminando capítulos.
Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já acabaram. Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicação?
Você pode passar muito tempo se perguntando porque isso aconteceu.
Pode dizer para si mesma que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: pais, marido, amigos, filhos, irmãos... Todos estarão seguindo adiante, e sofrerão ao ver que você está parado.
NINGUÉM PODE ESTAR AO MESMO TEMPO NO PRESENTE E NO PASSADO, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará. Não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso, é tão importante destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar livros que tem.
TUDO NESTE MUNDO VISÍVEL É UMA MANIFESTAÇÃO DO MUNDO INVISÍVEL, do que está acontecendo em nosso coração e desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos e outras perdemos. Não espere que resolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor...
Pare de ligar a TV emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda... isso só estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos não aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, discussões que sempre são adiadas em nome do MOMENTO IDEAL.
Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo... Diga a si mesmo que o que passou jamais voltará. Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa.
Nada é INSUBSTITUÍVEL, um hábito não é uma necessidade! Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos.
Não por causa do orgulho, por incapacidade ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira... Deixe de ser quem era e transforme em quem é.
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és.

Lembre-se...
"TUDO O QUE CHEGA, CHEGA SEMPRE POR ALGUMA RAZÃO."

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Não pense duas vezes...



A felicidade é um susto. Chega na calada da noite, na fala do dia, no improviso das horas. Chega sem chegar, insinua mais que propõe... Felicidade é animal arisco. Tem que ser admirada à distância porque não aceita a jaula que preparamos para ela. Vê-la solta e livre no campo, correndo com sua velocidade tão elegante é uma sublime forma de possuí-la.
Felicidade é chuva que cai na madrugada, quando dormimos. O que vemos é a terra agradecida, pronta para fecundar o que nela está sepultado, aguardando a hora da ressurreição.
Felicidade é coisa que não tem nome. É silêncio que perpassa os dias tornando-os mais belos e falantes. Felicidade é carinho de mãe em situação de desespero. É olhar de amigo em horas de abandono. É fala calmante em instantes de desconsolo.
Felicidade é palavra pouca que diz muito. É frase dita na hora certa e que vale por livros inteiros.
Eu busco a frase de cada dia, o poema que me espera na esquina, o recado de Deus escrito na minha geladeira... Eu vivo assim... Sem doma, sem dona, sem porteiras, porque a felicidade é meu destino de honra, meu brasão e minha bandeira. Eu quero a felicidade de toda hora. Não quero o rancor, não quero o alarde dos artifícios das palavras comuns, nem tampouco o amor que deseja aprisionar meu sonho em suas gaiolas tão mesquinhas.
O que quero é o olhar de Jesus refletido no olhar de quem amo. Isso sim é felicidade sem medidas. O café quente na tarde fria, a conversa tão cheia de humor, o choro vez em quando.
Felicidades pequenas... O olhar da criança que me acompanha do colo da mãe, e que depois, à distância, sorri segura, porque sabe que eu não a levarei de seu lugar preferido.
A felicidade é coisa sem jeito, mas com ela eu me ajeito. Não a forço para que seja como quero, apenas acolho sua chegada, quando menos espero.
E então sorrio, como quem sabe, que quando ela chega, o melhor é não dispersar as forças... E aí sou feliz por inteiro na pequena parte que me cabe.
O que hoje você tem diante dos olhos? Merece um sorriso? Não pense duas vezes...
Padre Fábio de Melo

Deus e eu



Eu só sei pensar alto. Viver não. A altura da vida não corresponde à altura do pensamento. Pensei muito mais do que vivi. Quis muito mais do que realizei. Vivi baixo, pensei alto. Não importa. O que quero é este amanhecer cheio de graciosidade; quero este ipê florido em tempos de secura.
Quero a vida generosa neste espaço onde quase nada me desperta o sorriso.
Experimento o silêncio de Deus e só assim me convenço de sua existência. Acho estranha a crença de que Deus abriu mares, derrubou muralhas, fez chover pães, naufragou exércitos.
Gosto de Deus é por causa de sua fraqueza. Eu o reverencio é por causa de sua estranha forma de carecer, de necessitar, de ficar pequeno.
Andei pelos pastos e Ele andou comigo. Na hora da sede, a água dividida. Na hora do almoço, a marmita repartida. Mulher e Deus, sentados na mesma planície, sob as agruras do mesmo cansaço. Na hora da felicidade, sobretudo quando não a esperávamos, os sorrisos se encontravam surpresos. As razões eram poucas, mas tudo era motivo de riso, de prolongado êxtase, que parecia perdurar mais que o tempo marcado no relógio.
Deus é bonito quando visto de perto. A glória ofusca a revelação. O trono, a exaltação, o brilho das representações velam sua verdadeira beleza. Ele é bonito no avesso de sua divindade, quando entra na cozinha da minha casa, aconchega-se aos pés do meu fogão à lenha e reclama das dores nas pernas.
Os olhos na direção das chamas, os dedos coçando a barda por fazer, o cansaço no fim do dia, e expressão preocupada de quem carrega o peso de guiar os destinos do mundo, tudo anunciando o cansaço de sua carne humana e os desatinos que nascem de sua solidão de amigos. Nele há uma orfandade incurável, uma tristeza bonita de quem sabe os limites que possui. O limite maior, o de não ter um colo em que possa deitar a cabeça. Um olhar de menino que sofre de saudade do pai, da mãe, dos irmãos. Um olhar que reconhece que não tem ninguém a quem dirigir um pedido de socorro, já que não tem ninguém acima de sua condição! Ninguém é Deus de Deus. É por isso que ele se recolhe na solidão de minha cozinha.
Lá, no silêncio de minhas panelas e labaredas, lá onde a vida é mulher e ele pode descansar do duro encargo de pôr ordem nas realidades criadas. Ali ele não sofre exigências, nem recebe elogios desconcertantes. Ele já me confidenciou que os elogios o deixam muito envergonhado. Disse também que não gosta de flores de plástico e fitas de cetim estendidas no altar. Ri, porque acha que fica feio.
Esse é o meu jeito de adorá-lo. Não há alarde na minha crença. Eu creio é na sua fraqueza, fruto de sua capacidade de amar. Ele bem sabe o peso de ser humano. Amar é o mesmo que ser fraco. Eu penso assim, mas ele não.
Adoro-o assim, retirando-lhe o manto de glória e oferecendo-lhe chinelos para os pés. Oferecendo-lhe lençóis limpos, na cama de sua preferência. Essa adoração o agrada.
Deixá-lo a sós, sem rezas, sem pedidos, sem clamores e sem elogios. Deixá-lo descansar de ser o que é. Cuidar dele e, ainda que por um instante. Ser a mãe que lhe é ausente.
Outro dia chegou sem que eu o esperasse. Pediu se podia dormir na minha casa. Prontamente disse que sim. – Algum problema?- perguntei - Não. Só quis me refugiar um pouco num lugar em que não procurassem por mim. Sorriu e entrou. Eu concordei.
Preparei-lhe um chá, falamos de amenidades, coisas sem importância. Depois deitou e dormiu, enquanto eu ainda ajeitava o lençol para lhe cobrir os pés. No outro dia, acordei e ele já não estava mais. Deixou-me um pequeno bilhete escrito: “Obrigado pela dormida. Obrigado...”