domingo, 5 de dezembro de 2010

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Pesos na mesma medida, o medo e o desejo!…
Eu tenho tempo?! Tenho talvez alguns segundos… Que passam correndo por mim, e se eu fracassar, nada mais me dará outra possibilidade! Nem sempre se ganha, nem sempre se perde… Afinal, o que é perder?! Perder, ter… Por que me invade uma tortuosa sede em ter? Não, nada material… Apenas é um ter que está impresso no passado, projetando um presente, um modo de não mais partir. Há tantas partidas, pedaços no caminho. Onde estão os pedaços perdidos, sem tempo de resgate?! Não quero mais…
Cansa-me alguns, “alguéns”… E, tão rápido passam. Vão juntando-se às pedras, aos restos de mim. Onde me encontro hoje? No ar… Não me pertenço, por hora. Deixo-me levar pela estranha vontade de não ir. E onde quer que eu vá a mim está à sede de ter, novamente… Novamente! Preciso arrancar de mim as algemas que me impedem. Algemas de alienação, de tantas faltas de possibilidade ou uma infinitude delas que preferi não olhar.
Também sou uma falta de possibilidade, quimera minha intuir que seria a única a sentir isso. Sempre passando, nada ficando, gerundios. Desapegando-se do que apegava, pleonasmos. Ia… Eu fui seguindo, seguindo. E parei. Avistei. Não tive gana de conquista, não a tenho.
Quantos eu vi, quantos fechei os olhos. Não quero passividade, não pertence a mim.
Quem sou eu? Uma história?… Quero realidade. Cansei de ser representação. Cansei de olhares que nada vêem além de mim. Sou apenas o que projetam em mim? Sufoca, agoniza. Tira-me o ar. Eu me vejo, e estranho-me. Até quando?… Vou correr as léguas que o hoje me permite.
Não… Não tenho coragem! Palpita-me as entranhas. Eu vou, eu volto, e não saio do lugar… Libertar-me! De quem? Sou presa a mim mesma, covardia. Sou presa ao que escolhi, sou presa! Presa fácil… Difícil é ter-me. Difícil é ser inteira. Não existe completude. Sou metade. Não espero nada de mim. Nem do tempo.

Um comentário:

  1. Ser presa de si exige por demais abstração de algumas convicções interiores. Desapegar-se do que algema, exige a reconcretização de valores arraigados que porventura se transmutaram no decurso do tempo e das circunstâncias... Sermos nós em nossa plena essência, exige a congruência de nossos valores e princípios, exige a busca constante de nossos arquétipos emocionais... Exige de nós, sermos nós mesmos, independente de como os outros nos traduzem... Bjs.

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