sábado, 30 de julho de 2011

Pecadora...


Mas haverá um dia em que não haverá amanhã...
E as palavras acabam por morrer dentro de nós... E a vida passa sem termos vivido como gostaríamos... como deveríamos
Talvez o maior de todos os pecados seja deixar de ser feliz, por medo de pecar...
Pecado é não viver. Pecado é não sermos nós mesmos. Pecado é não amar...
Meus pecados são menores que minhas lágrimas...
No final, sei que Deus não vai contar quantas vezes eu caí, mas quantas me levantei...

Quantos pecados escondemos em nós? Pecadora me confesso!

quarta-feira, 6 de julho de 2011

E enquanto espero...


Recordo que um dia li um provérbio que dizia que quando chegasse um momento em que me sentisse tão cansada e incapaz de dar um passo sequer teria chegado precisamento a metade do caminho que era capaz de percorrer. Talvez seja verdade...
A coragem surge sempre algures, nessas coisas que nos escapam ao primeiro olhar...
Eu sinto falta de muitas coisas...até de receber uma carta, verdadeira, em envelope fechado com o carimbo dos correios e tudo...
Saudades das coisas mais pequenas.... saudade.
Saudades de andar descalça, de chupar manga sem me preocupar com a roupa, roubar bolinhos de chuva antes de acabarem de fritar tudo...
saudade de acordar cedo porque há tanto por viver... a tranquilidade das manhãs de domingo ...as tardes de aconchego no sofá, entre mantas e lareira. As noites de travessura.
Cumplicidades... e o amor sempre escondidinho, ali perto, à espera do momento para gritar. E quantas vezes ninguem o ouve.
Por vezes a falta pesa. A falta de coisas tão banais... mas tão essenciais

Ninguem fala das faltas que sentem, das saudades que têm. A verdade é que não se fala do que se sente... medo?
Talvez. As coisa bonitas calam-se para se gritar alto as outras. As feias. É sempre mais fácil magoar que dizer te amo
É a falta. A falta do toque que sabemos ser por amor. A falta de alguem que nos trate bem, que nos mime, que esteja lá, simplesmente.
O porto para o qual sabemos sempre poder regressar.
O ter alguem à nossa espera. O esperar por alguem. A quem dar o ultimo telefonema do dia. A quem desejar boa noite.

A cabeça de descanso num peito que se mexe devagar
O silêncio. A mão e o corpo entrelaçados noutra mão e noutro corpo. O beijo,o riso, o chamego.O aconchego...
Hoje que penso nas perdas, nas faltas, na saudade, nas esperas constantes
Se me perguntarem porque espero ou o que espero, não sei dizer. O que sinto é que ainda não é isto.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Escolhas...


É como se uma musica triste tocasse dentro do peito. Invadisse todo meu corpo, tomasse conta de mim... Não parece real o que vivo agora. É como se fosse algo que acontecesse além, aquém...
Incerteza! A única certeza que tenho agora é que o futuro é incerto. E por isso não me prendo a dor que agora lancina meu coração. Da brasa viva que me incendeia a alma, tento sorver o calor e não o ardor. Ardor enlouquece, desatina. Nos tira o chão.
Calor acalma, aconchega e faz dormir na certeza de uma noite segura
Febre! Queimo em meus pensamentos que vagueiam dentro de mim mas mesmo assim sinto frio.
Medo! Mesmo segura entre paredes sedimentadas e sólidas eu tremo.

E o silêncio reinou pois senti me despida de palavras para escrever….
Nada que se dissesse poderia descrever o que sentia naquele instante
A imagem desfigurada de um olhar. Decepção e mágoa resumiriam...
Me afastei deixando pra trás uma alma partida. Um rastro feito de sonhos desfeitos.
Alguém sempre sofre. Alguém sempre chora...
Nem sempre escolher o que é certo é garantia de felicidade, mas é como deve ser.
Mas o que é certo? Quem pode ao certo dizer...

sábado, 4 de junho de 2011

Sem Rumo


Às vezes sinto o silêncio nas minhas entranhas, a tomar de rompante todo o meu ser, um dia solitário, um momento perdido com uma réstia de luz que rodeia apenas algo de mim. Procuro-me dentro de uma alma que já não sei qual é, sem que saiba sequer onde procurar...quero ir para onde a possa encontrar, quero encontrar a paz. Pega na minha mão e leva-me de volta a mim. Já não sei quem és, quem eu sou, se somos a mesma pessoa, se temos a mesma cara, se nos encontramos todos os dias no espelho. Entre o vazio e o infinito, perdido no tempo, num oceano despido de cores e sons....

Perco-me a olhar para esse reflexo por vezes meio vazio, num lugar tão distante que já não sei como voltar para o ponto de partida... tão longe que não vejo sequer quem era quando parti nesta caminhada.... Parada em encruzilhadas, sinto o caminho tortuoso por debaixo dos meus pés. Dou pontapés nas pedras do caminho à espera que elas me indiquem algo que não encontro dentro de mim, quando no fundo nem sei o que procuro

Só queria voltar a esse lugar onde tudo era mais calmo, onde eu ainda sabia quem era o reflexo no espelho, onde ainda vivia, onde ainda sorria com todo o meu ser, perdido num rio sem preocupação de encontrar o rumo ....


mas afinal.... não é esta uma viagem da qual não se conhece o rumo nem o fim....? .....
Extraído de Olhares...

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Depois da carne


....Quando sais fico com o teu cheiro e o teu sabor em mim...chocolate mesclado com algo que não sei explicar.
olho para a cama vazia, ainda com o calor do amor que fazemos muitas vezes sem acordar, só gemidos perdidos em altas horas da madrugada. Tenho saudades tuas quando vejo o vazio neste espaço infindável que é a minha alma. Longas são as horas e os minutos, contados freneticamente na esperança de sentir o teu corpo novamente a fazer-me revelar os meus segredos, um por um, todos, até ao fim. Até não haver mais segredos ou parte do corpo que te esconda o meu desejo. Divino e profano, depois da carne. O prazer que se mistura e nos leva mais além, além de nós, do mundo, do corpo e da alma....

Tradução...

sábado, 28 de maio de 2011

Amanheceu


E a menina acordou. Abriu os olhos mas ainda estava escuro. O que iluminou o quarto foi a luz que brilhava dentro e lhe escapava da alma...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sentido


Fecho os olhos e deixo falar o vento...
Busco sentido na contradição que me assombra
Teço palavras escritas com sentimentos dúbios
Procuro respostas onde a dúvida fez seu ninho

Quero o silêncio de uma alma que grita
Quero o gritar de um corpo que cala
Meus olhos conseguem expressar o que meus lábios não ousam pronunciar
Onde a solidão? Onde o amor?

Perdi muito tempo procurando fora de mim o que estava dentro

Outono


As minhas vontades têm a temperatura do teu corpo, mas quando o frio adentra a minha janela, arrepiando a minha derme, o teu abraço me aquece em desejos, tal qual cobertor no inverno. As tuas mãos, em meus cabelos, afastam o cansaço do dia acariciando meu querer de te ter sempre dentro e perto de mim. Aqueço-me em teu colo e adormeço em ti. E, se por acaso, o mar invadir o nosso tapete nem assim eu acordarei, porque a tua derme me envolve e me seca. A minha felicidade, amor, tem o pulsar do teu coração em nós…
Menina de Asas

domingo, 15 de maio de 2011

Corazon Gitano


"Os ciganos só tem uma religião: A liberdade. Em troca dela renunciam à riqueza, o poder, à ciência e a sua glória". Vivem cada dia, como se fosse o último. Quando morrem, deixam tudo: um miserável carroção ou um grande império. E crêem que naquele momento é muito melhor terem sido ciganos do que reis. Não pensam na morte. Não a temem eis tudo..O segredo está em gozar a cada dia as pequenas coisas, que a vida os oferece, e que outros homens não sabem apreciar: Tipo uma manhã de sol, um banho na nascente, o olhar de alguém que ama... É difícil entender estas coisas, eu sei... Cigano, se nasce. Gostam de caminhar sob as estrelas... Contam-se coisas sobre os ciganos... Dizem que lêem o futuro nas estrelas, e que possuem o filtro do amor... As pessoas não crêem nas coisas que não sabem explicar... Eles, ao contrário não procuram explicar as coisas nas quais crêem... A vida deles é simples, primitiva... Basta ter o céu por telhado, um fogo para aquecer, e as canções, quando estamos tristes.
O que impressiona em primeiro lugar num cigano é o seu olhar. Nem vestuário, nem a língua e os costumes, denunciam melhor o cigano do que seus olhos.
É impossível descrevê-los, pois não são grandes nem pequenos, mas tem mistério!
É uma estranha expressão que para entender deve ser vista. Um olhar sempre fugidio, mas apesar disso se fixa num certo instante. Um olhar cheio de paixão,
mas uma paixão contida retida entre as pálpebras que deixam passar um magnetismo que só o cigano possui...
"Não quero que minha casa seja cercada por muros de todos os lados e que as minhas janelas estejam tapadas. Quero que as culturas de todos os povos andem pela minha casa com o máximo de liberdade possível."
Um cigano desconhece endereço ...não sabe incerto a que veio ...
não tem início, fim ou meio e avesso

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Paradoxal



Hoje eu queria ser leve...
Poder escrever o que vai no meu coração sem precisar usar de metáforas para descrever o que sinto...
Vivo procurando respostas, mas ainda não tive a coragem suficiente de me fazer certas perguntas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

O teu olhar


Acho que quando te olho me vejo.
Me vejo como deveria ser e não sou... Me vejo em voce.
Coragem de enfrentar o mundo.
Seus olhos são o espelho da minha alma
Me aprisionas e me liberta na imensidão desse olhar...
Gostaria de ser ao menos por um instante assim... Como teus olhos me vêem. Você me enxerga melhor do que eu sou...
Talvez por ver tua crença cega em mim, eu também acabe acreditando. E me transforme numa fração daquilo que a mim projetas.
De alguma maneira você me alimenta.
Andei perdida por tanto tempo de mim mesma que quando te encontrei não soube dizer quem era. Então você me imaginou...
Sem defeitos. Irretocável!
Pode ser que voce tenha me construído assim pra suprir teus desejos e faltas. Não sei.
Pode ser que eu tenha me mostrado assim a você pra suprir os meus... mesmo que inconscientemente. Pode ser...
Agora desse ponto onde estamos não sabemos voltar. Sonho e fantasia se misturam a uma realidade nua e crua que pede coerência.

Quantos passos dados no escuro rumo a nos mesmos...
Ando tateando as paredes imaginárias dentro de mim pra ver se encontro a porta de saída desse labirinto que sou.
Voce tem me dado chaves. Por vezes me leva pela mão.
Peço que não se afaste, mas sou a primeira a ir.
E ainda assim voce fica, e ainda assim voce volta. Devoto e feliz!
Que tua fé cega, me convença...

quarta-feira, 9 de março de 2011

Pecado e Redenção


Volto aqui onde te encontrava em delírios de febre...
Sagrado e profano se misturam a imagens projetadas numa memória que insiste em não se apagar.
Te sinto comigo novamente mesmo estando só. A tua ausência seria a minha ruína...
Longe do teu existir em mim, nada sou também.
Enquanto te espero, flutuo num espaço existente na lembrança de um passado que é presente por ser eterno. São marcas que ficaram na alma.
Nesse espaço acima do certo e errado onde me encontro, não
sei onde me encaixo.
Sinto tua presença mesmo sem te ver chegar. Não preciso te olhar pra saber que sorris...
Ergo os olhos e tua imagem me cega. Me vejo imóvel envolvida em teu abraço. Me aconchegas e posso sentir teu coração tão calmo em dissonância com o tamborilar do meu peito.
Não me soltas até que se sincronizem as batidas num pulsar sereno. Só então te encaro.
Prostro minha humanidade chagada a seus pés.
Me acolhe em minha vergonha e sustenta minha fraqueza de espírito.
Dizem que o amor tudo perdoa. Não sei...
Mas me sinto inteira de novo quando cravas teu olhar redentor na minha alma de vento.

Luciana Seloy

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Divã


Olho para trás e só vejo pedaços. Fragmentos de uma vida. Frações de sentimentos. Existência esquartejada pela covardia que sempre me acompanhou.
Uma couraça de força escondendo uma alma translúcida, de tão frágil.
Alma que usa máscaras, que se disfarça de outra.
Porque tanto medo se ser verdade?
Qual parte da vida dividiu a ação da vontade?
Quanto choro contido, quanto riso sufocado.
A quem eu engano?
Olho e não me vejo. Busco e não me encontro.
Tramas e cores não correspondem à imagem que meus olhos fazem do rosto que se reflete agora no espelho.
Em que parte da jornada corpo e alma se separaram?
Quem me vê não me enxerga.
Sou o oposto do que apresento à vida agora.
Olhos mais atentos percebem, mas não falam.
Emoldura-se em minha face, a pintura de um entardecer sereno.
Configura-se em minha alma o esplendor do sol nascente.
Sou a síntese de um poema triste. Que mesmo que não se faça entende, faz-se sentir...

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Alma Nua


Mais que o corpo que deito a teus pés, fica a alma nua ao te escrever estas palavras. Caderno vazio, palavras vãs. Sei o que fiz no passado. Não sei se o futuro será melhor, ou pior. Sei que sofro em silêncio pelo que amei e pelo que deixei de amar... Por tudo o que não fiz na vida por receio de errar.
Olho para o infinito e penso no que será a realidade, no que poderei escrever sobre ela. Não me encontro ao olhar no espelho. Não compreendo certas dores. As vezes sinto-me à beira de um poço, e se cair já ninguém me pode agarrar. Quero entregar-me ao silêncio e a escuridão que se abate sobre o meu ser, pois é na escuridão que se evidencia qualquer réstia de luz...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Contrário


O contrário de bonito é feio, de rico é pobre, de preto é branco, isso se aprende antes de entrar na escola. Se você fizer uma enquete entre as crianças, ouvirá também que o contrário do amor é o ódio. Elas estão erradas. Faça uma enquete entre adultos e descubra a resposta certa: o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença.

O que seria preferível, que a pessoa que você ama passasse a lhe odiar, ou que lhe fosse totalmente indiferente? Que perdesse o sono imaginando maneiras de fazer você se dar mal ou que dormisse feito um anjo a noite inteira, esquecido por completo da sua existência? O ódio é também uma maneira de se estar com alguém. Já a indiferença não aceita declarações ou reclamações: seu nome não consta mais do cadastro.

Para odiar alguém, precisamos reconhecer que esse alguém existe e que nos provoca sensações, por piores que sejam. Para odiar alguém, precisamos de um coração, ainda que frio, e raciocínio, ainda que doente. Para odiar alguém gastamos energia, neurônios e tempo. Odiar nos dá fios brancos no cabelo, rugas pela face e angústia no peito. Para odiar, necessitamos do objeto do ódio, necessitamos dele nem que seja para dedicar-lhe nosso rancor, nossa ira, nossa pouca sabedoria para entendê-lo e pouco humor para aturá-lo. O ódio, se tivesse uma cor, seria vermelho, tal qual a cor do amor.

Já para sermos indiferentes a alguém, precisamos do quê? De coisa alguma. A pessoa em questão pode saltar de bung-jump, assistir aula de fraque, ganhar um Oscar ou uma prisão perpétua, estamos nem aí. Não julgamos seus atos, não observamos seus modos, não testemunhamos sua existência. Ela não nos exige olhos, boca, coração, cérebro: nosso corpo ignora sua presença, e muito menos se dá conta de sua ausência. Não temos o número do telefone das pessoas para quem não ligamos. A indiferença, se tivesse uma cor, seria cor da água, cor do ar, cor de nada.

Uma criança nunca experimentou essa sensação: ou ela é muito amada, ou criticada pelo que apronta. Uma criança está sempre em uma das pontas da gangorra, adoração ou queixas, mas nunca é ignorada. Só bem mais tarde, quando necessitar de uma atenção que não seja materna ou paterna, é que descobrirá que o amor e o ódio habitam o mesmo universo, enquanto que a indiferença é um exílio no deserto.

Marta Medeiros

Razão e Emoção


Razão e emoção!
Quem consegue equilibrar esses dois pontos na vida, pode-se considerar em paz...
O que nos faz sofrer é a dissonância entre o que queremos e o que podemos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Correnteza


Refaço a mim a mesma promessa de não desperdiçar a vida...
Quero sorver o todo desse breve instante de existir
Que meus olhos se fixem naquilo que posso.
O que não cabe a mim deixo o rio do tempo levar...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Deixa...



Deixa-me encostar minha solidão na tua, assim como quem descansa os olhos de um temporal
Deixa-me sentir um pouco o tapete macio que é ter-te por perto, porque os cacos por onde ando já me sangram por tempo demais
... e meus pés já estão anestesiados de tantas cinzas e farpas pelo caminho. Deixa-me encostar a minha dor na tua...
Quem sabe assim entendo esse vazio lancinante que me atravessa.
Deixa que meus lábios sorvam e bebam em tragos longos um tanto dessa fonte de vida que te inunda...
Deixa-me respirar os teus ventos, a tua voz. Que é dessa forma que talvez eu encontre o ar que eu preciso pra estar viva
Acolha a minha falta na tua completude inquieta. Abriga meu desistir na tua coragem fresca e segura. Guarda minha imagem imperfeita, humana
Eu preciso descansar meu existir nos teus braços. Trocar meu coração exausto e ferido pelo teu amor inabalável.
Curar minhas cicatrízes no teu bálsamo. Os cortes e rasgos que a vida me deu...

Deixa que eu feche meus olhos úmidos e opacos, para sentir o teu pulsar forte, intenso... Me sinto fraca. Tantos esforços em vão.
Descompasso! Coração e passos despedaçados, gastos, desperdiçados, partidos...
Deixa que eu volte a pulsar pelo toque dos seus dedos, do seu olhar, do seu amor repentino e doce
Deixa eu colocar-me inteira nas tuas mãos suaves e entregar-me aos teus cuidados tão mansos e precisos.
Deixa-me sentir assim nascente, fúria e fortaleza novamente
Deixa-me fazer de ti o meu amparo. Do teu destino a minha sina. Deixa eu fazer do teu amor, minha âncora. Do teu desejo minha companhia
Que eu estou cansada de ser sempre vazia. De estar sempre sozinha dentro de mim...
vanluchiari

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Palavras ao vento


Vontade de berrar! Será que alguém vai ouvir?

Perder algumas coisas é preciso, mais que isso, é vital. Ninguém suportaria carregar tudo...
Ninguém é um livro aberto. Só mostramos o que convém. Quero o oculto. O que não se vê. Sou melhor com os dentros.
No meio de tantas coisas, correria, importâncias e desimportâncias, qual é o espaço que te sobra? Que lugar ocupas? E eu? Que lugar ocupo nesse tempo e espaço ? Que lugar ocupo na sua vida?

Tempo, tempo, onde se esconde meu momento?"
Queria ser ponte, mas sou o vazio...
Não houvesse esse abismo entre mim e ti, eu te puxava pra perto e dançaríamos sobre uma ponte feita de estrelas...
Sofro de memórias. Vidas recolhidas nos cantos importantes de mim. Sofro de relicários.

Fico à beira. À espera de qualquer ato que me mostre que você se importa.
Eu nunca sei o que as palavras querem que eu diga. Deixo-me levar e elas vão moldando os caminhos em mim.
Às vezes é preciso gritar bem alto as coisas que nos ferem para descobrir que elas não são tão importantes assim...
As vezes... na maioria das vezes, falta coragem pra gritar...

Há um mundo queimando lá fora e outro, inflamável, correndo perigo aqui dentro....
Tantas vezes digo: não quero fazer sentido. Sentido não é de fazer. Sentido é de sentir. Eu sinto!
Eu, imensa. Tu, metades. Eu, toda. Tu, quase...



Van Luchiare

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Ser



Que os nossos sonhos sejam contados quando nossos corações questionarem os porquês das nossas duvidas.
Que nossos extremos sejam perdoados, deixemos os conceitos, lutemos para sermos apenas essência de nós mesmos.
Não vou me martirizar e tentar ser diferente pra fazer alguém se sentir melhor. Eu sou isso aqui mesmo.
Sou bipolar, as vezes to triste e do nada fico alegre depois revoltada, depois alegre de novo, essa sou eu, aceite. rs...

domingo, 19 de dezembro de 2010

Tarde te amei...


Entrei no meu íntimo
Sob tua guia e o consegui
Porque tu te fizeste meu auxílio
Entrei e vi com os olhos do coração
A luz imutável forte e brilhante
Que conhece a verdade
Conhece esta luz

Ó eterna verdade
Verdadeira caridade
Tu és o meu Deus
Por ti suspiro dia e noite
Desde que te conheci
E mostraste-me então quem eras
Iradiastes sobre mim a tua força
Dando-me o teu amor

Tarde te amei, tarde te amei
Ó beleza tão antiga e tão nova
Eis que estavas dentro e eu fora, e eu fora
Seguravam-me longe de ti as coisas
Que não existiriam senão em ti
Estavas comigo e não eu contigo, e não eu contigo
Chamaste, clamaste por mim e afugentaste minha surdez brilhaste, resplandeceste sobre mim
Lançando para longe minha escuridaão
Exalaste perfume e respirei
Tocaste-me e ardi por tua paz

Irmã Kelly Patrícia

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Resumo...


Manhã cedo, no pingar de um sol que se alimenta de pele.
Hoje vesti-me de negro, sapatos enfiados no presságio de um dia lamento; E sabe-se lá porquê, é molde preguiçoso de uma vontade que se teima cinzenta.
Lavo os dentes até ao cérebro, penteio os cabelos com mãos de alicate, cerco-me de um perfume que não cheira, cheira-me a monotonia ao procurar nos bolsos o dinheiro dos dias. E é num rompante que abro a porta ao medo, saco de lixo na mão e uma canção que não me deixa pensar.
Lá fora, o vento. O vento que me esbofeteia na violência de um despertar na rua, essa artéria crua onde os passos, na enorme pressa de a cumprir, mais parecem ser cúmplices do vagar. Cá fora, o vento. E no peito uma espada, atravessada, em que uma mão incolor a torce porque sim, porque a mente deambula por curvas e rectas, rotundas e setas, porque é óbvio que lhe basta uma parte do verbo negar, porque tantas são as vezes em que caminho sem pensar, mas a espada é cativa e a dor um vício que a alma – inconsciente – alimenta. Tal como as mãos da sofreguidão, na razão diária de querer esquecer e, porém, nada faça para o merecer.
Manhã cedo, neste cais. Navego sem velas e não me guio pelas estrelas, também o meu fundo não é o mar, é mais um tapete gasto e áspero, de onde parto na viagem rotina, dobrando esquinas – todas iguais – lambendo colinas e o sol, o que se alimenta da pele, tudo percebe, até o motivo porque digo navegar quando, no rosto da verdade, nada mais me é permitido do que a garantia que voltarei a atracar.

... rasgando sonhos. Rasgados sonhos...


Estou escondida na cor amarga do fim da tarde.
Peço às nuvens para passarem. Para que passe o sol por cima dos meus olhos no momento em que o dia segue a rota do meu corpo
Claridade. Obscura quietude...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O Sol...


Ela nunca o conheceu,
Então…
.
Porque o coração dela acelerava,
Sempre que ele,
Calmamente, lhe escrevia um “olá!”?
.

Que estranho encantamento,
Teria ele, sobre ela?
.

Seria o total desprendimento dele,
Que a prendia?
.

Seria a complexa simplicidade dele,
Que simplesmente a desarmava?
.

Seria o ingénuo humor dele,
O responsável pelo genial sorriso,
Nos olhos dela?
.

Ela nunca o conheceu,
Apesar disso,
Conheceu-o muito bem.
.
Ele gostou que ela,
Mesmo não o conhecendo,
O tivesse conhecido tão bem.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Vai passar...


Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã,
mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe?
O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre
resta essa coisa chamada "impulso vital".
Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que
nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem
sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada
qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um
movimento te supreenderás pensando algo como
"estou contente outra vez".

(( Caio Fernando Abreu ))

domingo, 5 de dezembro de 2010

???


Pesos na mesma medida, o medo e o desejo!…
Eu tenho tempo?! Tenho talvez alguns segundos… Que passam correndo por mim, e se eu fracassar, nada mais me dará outra possibilidade! Nem sempre se ganha, nem sempre se perde… Afinal, o que é perder?! Perder, ter… Por que me invade uma tortuosa sede em ter? Não, nada material… Apenas é um ter que está impresso no passado, projetando um presente, um modo de não mais partir. Há tantas partidas, pedaços no caminho. Onde estão os pedaços perdidos, sem tempo de resgate?! Não quero mais…
Cansa-me alguns, “alguéns”… E, tão rápido passam. Vão juntando-se às pedras, aos restos de mim. Onde me encontro hoje? No ar… Não me pertenço, por hora. Deixo-me levar pela estranha vontade de não ir. E onde quer que eu vá a mim está à sede de ter, novamente… Novamente! Preciso arrancar de mim as algemas que me impedem. Algemas de alienação, de tantas faltas de possibilidade ou uma infinitude delas que preferi não olhar.
Também sou uma falta de possibilidade, quimera minha intuir que seria a única a sentir isso. Sempre passando, nada ficando, gerundios. Desapegando-se do que apegava, pleonasmos. Ia… Eu fui seguindo, seguindo. E parei. Avistei. Não tive gana de conquista, não a tenho.
Quantos eu vi, quantos fechei os olhos. Não quero passividade, não pertence a mim.
Quem sou eu? Uma história?… Quero realidade. Cansei de ser representação. Cansei de olhares que nada vêem além de mim. Sou apenas o que projetam em mim? Sufoca, agoniza. Tira-me o ar. Eu me vejo, e estranho-me. Até quando?… Vou correr as léguas que o hoje me permite.
Não… Não tenho coragem! Palpita-me as entranhas. Eu vou, eu volto, e não saio do lugar… Libertar-me! De quem? Sou presa a mim mesma, covardia. Sou presa ao que escolhi, sou presa! Presa fácil… Difícil é ter-me. Difícil é ser inteira. Não existe completude. Sou metade. Não espero nada de mim. Nem do tempo.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O que os olhos não vêem...


Ingenuidade querer/almejar a pureza de outrem! Se sou pequena e ingênua, eu vejo, sinto, expresso…entretanto, não quero inspirar a beleza dos grandes escritores… eles me inspiram… Se eu os fosse interpretar… Cantaria!

Sou e transpareço parte da minha identidade de ser em movimento…Meu espaço, meu direito! Não o julgamento daqueles que não me conhecem, mas me vêem através de si como se eu fosse eles, elas…

Quem disse que o que os olhos não vêem, o coração não sente, não sabe que o que o coração sente os olhos não precisam alcançar...
sou um ser complexo de ser amada!
Eu sou um desafio!

Celebro a vida, sofro em poemas, choro com músicas, alegro-me com as verdadeiras proximidades,... me entristeço com os artíficios, mentiras e falsidades

Deixo-te livre p me ver como sua imaginação quer, deixo-te livre para me ler nas entrelinhas, mas a interpretação é sua, pode ser apenas sua
Não queira que sua imaginação seja a minha verdade, você pode estar tremendamente equivocado...

Há algo em mim que não pertece à sua interpretação…
As vezes o que está oculto nem sempre é proibido, às vezes é simplesmente inexplicável...

Ouvindo a chuva agora. Janelas e coração abertos...

domingo, 14 de novembro de 2010

Sim, eu chorei...


"Ontem chorei. Por tudo que fomos. Por tudo o que não conseguimos ser. Por tudo que se perdeu. Por termos nos perdido. Pelo que queríamos que fosse e não foi. Pela renúncia. Por valores não dados. Por erros cometidos. Acertos não comemorados. Palavras dissipadas.Versos brancos. Chorei pela guerra cotidiana. Pelas tentativas de sobrevivência. Pelos apelos de paz não atendidos. Pelo amor derramado. Pelo amor ofendido e aprisionado. Pelo amor perdido. Pelo respeito empoeirado em cima da estante. Pelo carinho esquecido. Pelos sonhos desafinados, estremecidos e adiados. Pela culpa. Toda a culpa. Minha. Sua. Nossa culpa. Por tudo que foi e voou. E não volta mais, pois que hoje é já outro dia...

Chorei."

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Desiderata


Vá placidamente por entre o barulho e a pressa e lembre-se da paz que pode haver no silêncio.
Tanto quanto possível sem capitular, esteja de bem com todas as pessoas.
Fale a sua verdade calma e claramente e escute os outros, mesmo os estúpidos e ignorantes; também eles têm a sua história.
Evite pessoas barulhentas e agressivas, elas são tormentos para o espírito.
Se você se comparar aos outros pode tornar-se vaidoso e amargo, porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você.
Desfrute suas conquistas assim como seus planos.
Mantenha-se interessado em sua própria carreira, mesmo que humilde; é o que realmente se possui na sorte incerta dos tempos.
Exercite a cautela nos negócios porque o mundo é cheio de artifícios. Mas não deixe que isso o torne cego à virtude que existe.

Muitas pessoas lutam por altas idéias e por toda parte a vida é cheia de heroísmo.
Seja você mesmo, não finja afeição nem seja cínico sobre o amor, porque em face de toda aridez e desencadeamento ele é perene como a grama.
Aceite gentilmente o conselho dos anos, renunciando com benevolência as coisas da juventude.
Cultive a força do espírito para proteger-se num infortúnio inesperado, mas não se desgaste com os temores imaginários; muitos medos nascem da fadiga e da solidão.
Acima de uma benéfica disciplina seja bondoso consigo mesmo.
Você é filho do universo, não menos que as árvores e as estrelas; você tem o direito de estar aqui.
E que seja claro ou não para você, sem dúvida o universo se desenrola como deveria.
Portanto, esteja em paz com Deus, qualquer que seja sua forma de concebê-lo. E sejam quais forem sua lida e suas aspirações na barulhenta confusão da vida, mantenha-se em paz com a alma.
Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos, este é ainda um mundo maravilhoso. Esteja atento.
Willian Shakspeare

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Nascer Para o Além...


Há quem morra todos os dias.
Morre no orgulho, na ignorância, na fraqueza.
Morre um dia, mas nasce outro.
Morre a semente, mas nasce a flor.
Morre o homem para o mundo, mas nasce para Deus.

Assim, em toda morte, deve haver uma nova vida.
Esta é a esperança do ser humano que crê em Deus.
Triste é ver gente morrendo por antecipação...
De desgosto, de tristeza, de solidão.
Pessoas fumando, bebendo, acabando com a vida.
Essa gente empurrando a vida.
Gritando, perdendo-se.
Gente que vai morrendo um pouco, a cada dia que passa.

E a lembrança de nossos mortos, despertando, em nós, o desejo de abraçá-los outra vez.
Essa vontade de rasgar o infinito para descobri-los. De retroceder no tempo e segurar a vida. Ausência: - porque não há formas para se tocar.
Presença: - porque se pode sentir.
Essa lágrima cristalizada, distante e intocável.
Essa saudade machucando o coração.
Esse infinito rolando sobre a nossa pequenez. Esse céu azul e misterioso.
Ah! Aqueles que já partiram!
Aqueles que viveram entre nós.
Que encheram de sorrisos e de paz a nossa vida.
Foram para o além deixando este vazio inconsolável.
Que a gente, às vezes, disfarça para esquecer.
Deles guardamos até os mais simples gestos. Sentimos, quando mergulhados em oração, o
ruído de seus passos e o som de suas vozes.
A lembrança dos dias alegres.
Daquela mão nos amparando.
Daquela lágrima que vimos correr.
Da vontade de ficar quando era hora de partir. Essa vontade de rever novamente aquele rosto.
Esse arrependimento de não ter dado maiores alegrias.
Essa prece que diz tudo.
Esse soluço que morre na garganta...

E...
Há tanta gente morrendo a cada dia, sem partir. Esta saudade do tamanho do infinito caindo sobre nós.
Esta lembrança dos que já foram para a eternidade.
Meu Deus!
Que ausência tão cheia de presença!
Que morte tão cheia de esperança e de vida!